sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

HISTÓRIAS DO CEMITÉRIO DO CATUMBI PARTE 11 (de 13) por Francisco Souto Neto.


HISTÓRIAS DO CEMITÉRIO DO CATUMBI
PARTE 11 (de 13)

Francisco Souto Neto

A obra biográfica Visconde de Souto: Ascensão e “Quebra no Rio de Janeiro Imperial, escrita em coautoria por mim e minha prima Lúcia Helena Souto Martini, conta com um APÊNDICE em sua parte final, da página 457 à 510, subintitulado O Cemitério do Catumbi”, no qual faço o relato do que foi a minha luta desde o ano de 1969 – há quase meio século –  pela preservação do setor histórico da referida necrópole do Rio de Janeiro, onde estão sepultados os mais importantes vultos históricos do Brasil Imperial.
O Apêndice conta com 13 capítulos. Este é o 11º capítulo do Apêndice.

APÊNDICE

O CEMITÉRIO DO CATUMBI:
DEPOIMENTO DE FRANCISCO SOUTO NETO

11

O TABLÓIDE DE 5 DE ABRIL DE 1987


Muitos foram os jornalistas paranaenses que acompanharam tudo o que se passava de irregular no Cemitério do Catumbi e a isto faziam referências na imprensa, tais como Dino Almeida, Alcy Ramalho Filho, Wilde Martini, Mary Schaffer, Iza Zilli, Ruy Barrozo e Calil Simão.
Aramis Millarch costumava comentar em sua coluna Tabloide as atividades que eu desenvolvia em Curitiba como animador cultural, paralelas ao meu trabalho na diretoria do Banestado. No episódio do Catumbi, ele foi incansável em seu reiterado interesse e apoio à minha causa.
Na edição de 5 de abril de 1987 do jornal O Estado do Paraná, Millarch escreveu:
O guardião da memória do cemitério: / [...] Francisco Souto Neto gastou parte das suas últimas férias para, debaixo de um calor senegalês, realizar um completo levantamento dos dois setores históricos do Cemitério do Catumbi, catalogando as sepulturas com as lápides ainda intactas – e levantando as sem identificação. Elaborou mapas, gráficos e, acompanhado com centenas de fotos, encaminhou esse material tanto ao Monsenhor Abílio Ferreira da Nova, procurador da Venerável Ordem 3ª dos Mínimos de São Francisco de Paula – responsável pela conservação daquele campo santo, como também ao Sr. Ângelo Oswaldo de Araújo, secretário do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de cópias à imprensa nacional. / [...] Souto Neto extrapolou a simples preocupação familiar para, com suas denúncias, alertar em relação ao abandono em que uma favela vizinha já soterrou os restos do túmulo de Teófilo Otoni (1807 – 1869) e sobre o mesmo foram construídos barracos. Até agora, nada extraordinário ali aconteceu, mas fenômenos na linha “poltergeist” podem aparecer. / O que revolta Souto Neto é o desleixo dos herdeiros das famílias tradicionais que não se preocuparam com a situação dos túmulos de seus antepassados. Vai mais além, ao denunciar à direção do SPHAN: “Aquilo não será assombroso, se considerarmos que alguns herdeiros são capazes de atos espúrios, como o daquela bisneta que destruiu o mausoléu neobarroco do visconde de Guaramores, neles incluindo-se o de que interesses financeiros envolveram o próprio sarcófago do visconde”. / [...] Assim, está a exigir a contratação de guardas para o cemitério e a clamar providências para a identificação de muitos túmulos abandonados. Em seu levantamento, das 262 sepulturas que pesquisou, só 162 estão identificadas e 100 delas estão abertas, ou sem lápides que tornem possível a identificação dos vultos históricos lá sepultados, “o que dá a exata dimensão do descaso por parte dos descendentes”. / [...] Em compensação, há curiosas obras de arquitetura de cemitério que, analisadas por um pesquisador dedicado como é o Chico Souto, poderiam resultar numa interessante publicação. (MILLARCH, Aramis. O guardião da memória do cemitério. O Estado do Paraná, Curitiba, 5 abr. 1987. Tabloide, p. 14).

A reportagem de Aramis Millarch

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ADENDO À PARTE 11:

Em fevereiro de 1987 voltei ao Rio de Janeiro para verificar se as providências foram tomadas. O túmulo do Visconde de Souto recebeu uma nova campa de mármore. A lápide original, restaurada, encontrava-se colada sobre o mesmo. As fotografias das páginas do álbum, abaixo, atestam esses fatos.

Na folha de álbum acima, vê-se na primeira foto a lápide original restaurada, na segunda foto a campa do túmulo com sua nova cobertura, sobre a qual está colada a lápide original, e na parte inferior a pequena placa que se vê na terceira foto, com alusão aos problemas ocorridos. Na quarta foto, a situação atual dos túmulos do Marquês e Marquesa de Olinda, e do sepulcro do Visconde de Souto.

Esta fotografia de Francisco Souto Neto, a que denominou “Um equilíbrio delicado”, simboliza todas as depredações do Cemitério do Catumbi.

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CONTINUA NA PARTE 12

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